«Álvaro Cunhal é uma personalidade marcante, em Portugal e no mundo

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Manuel Gusmão em Memória de Álvaro Cunhal


Elogio da Terceira Coisa

Entre mim e ti há a terceira coisa
aquela que nos põe ao alcance da mão
os nomes todos das coisas e as coisas sem nome
quando a multidão sagrada dos pronomes pessoais nos
permite dizer nos contra o tempo e o vento
Nós que aos cinco sentidos acrescentamos os outros
Nós a sensibilidade que imagina o comum
quando uma multidão deixa de ser
um rebanho de escravos para começar a ser
uma assembleia de humanos livres
de pé no chão da terra discutimos o que fazer
pelas mãos em concha bebíamos a água
onde a luz do sol cintila irisando-a
nós que para além de ti e de mim somos
a terceira coisa o fantasma o espectro
que lhes continua a assolar o mundo
a terceira coisa: a promessa sem garantias
a invenção do incomum que partilha o comum
o comunismo que vem connosco
e para além de nos recomeça.

Manuel Gusmão

in Três Poemas em Memória de

Álvaro Cunhal

 


terça-feira, 9 de abril de 2019

Rei Lear no CCB

A estreia de "Rei Lear", numa adaptação para cena do compositor Alexandre Delgado e da encenadora Sara Barros Leitão, a partir da tradução de Álvaro Cunhal, constitui uma encomenda do festival e destaca-se na programação já disponível no `site` do Centro Cultural de Belém (CCB).

O festival Dias da Música, que acontece nos dias 25 a 28 de abril, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, contará com mais de 40 concertos e `masterclasses` direcionados para a obra de William Shakespeare.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Guião do filme "Até amanhã camaradas" Ephemera






LUÍS FILIPE ROCHA – GUIÃO DA SÉRIE “ATÉ AMANHÃ, CAMARADAS” DE MANUEL TIAGO [ÁLVARO CUNHAL] ANOTADO E COMENTADO POR ÁLVARO CUNHAL


«Agradeço a Luís Filipe Rocha a importante oferta que fez ao EPHEMERA do original do guião de sua autoria, da série realizada a partir do romance de Manuel Tiago [Álvaro Cunhal}, extensivamente anotado pelo próprio Álvaro Cunhal. As anotações manuscritas e as notas dactilografadas que numa fase mais avançada do rabalho enviou a Luís Filipoe Rocha, são uma janela sobre Álvaro Cunhal, sobre a sua meticulosidade, a sua atenção ao detalhe, o seu entendimento com base na experiência pessoal, mas também com intenção didáctica, da vida clandestina, assim como aspectos da sua idiosincrasia pessoal, a forma como usa a sua memória, o modo como reconstrói as personagens de um livro com forte conteúdo autobiográfico.
Faremos bom uso do que se pode compreender por estas centenas de notas, uma das raras “exposições” de uma personalidade ímpar da vida política portuguesa do século XX.»
Pacheco Pereira

sábado, 10 de novembro de 2018

Álvaro Cunhal evocado em Coimbra



 “Álvaro Cunhal e o legado de Karl Marx” é o tema de uma sessão, a efectuar em Coimbra (Casa Municipal da Cultura), sábado (10) à tarde, com a participação de Jerónimo de Sousa.

O evento, por ocasião do 105.º aniversário do nascimento de Álvaro Cunhal, inscreve-se nas comemorações do segundo centenário do nascimento de Karl Marx.

Álvaro Cunhal, falecido em Junho de 2005, nasceu em Coimbra a 10 de Novembro de 1913.

quinta-feira, 22 de março de 2018

(A propósito da censura a um acto público).

“Carta a um amigo que não soube”

(A propósito da censura a um acto público).

Fizeste-me falta, pá! Não por mim, que lá estive, mas por ti que não soubeste… Eu sei da felicidade que retiras destas coisas e da partilha que dela fazes. Foi isso que me fez falta: a tua felicidade. Sabes como a malta é, pusemos a mesa com microfones e tudo, chamámos os jornais, chamámos as rádios, chamámos as televisões… Só para te avisar, pá. Era a forma mais expedita que tínhamos à mão, e gostávamos tanto de te ter por perto. Mas não, a coisa não saiu, ou saiu envergonhadamente. Sinais destes tempos sem vergonha. Depois o Álvaro não é tipo que se ignore e o número era redondo – o centenário – mas mesmo assim tu ficaste sem saber. Tiraram-te esse direito. Foi tão bonita a festa, pá. Lembras-te daquela tirada do Álvaro que começa assim: «Arte é liberdade. É imaginação, é fantasia, é descoberta e é sonho. É criação e recriação da beleza pelo ser humano e não apenas imitação da beleza que o ser humano considera descobrir na realidade que o cerca»? Lembras-te? Foi o nosso guião. Foi o guião dos músicos, dos cantores e dos actores que passaram pelo palco. A melhor maneira de comemorar a liberdade é exercê-la e, como tu sabes, pá, evocar o Álvaro é projectá-la para os dias que hão-de vir, para as liberdades que hão-de vir. E são tantas, amigo, e são tantas as liberdades que nos faltam… O Álvaro teve a casa cheia, pelas costuras. Tu sabes como a malta é, abrimos as portas de casa para que alguém te fizesse chegar uma pequena luz do que lá se passou. Mas, enfim, foi o costume: tiraram-te esse direito. Fizeste-me falta, pá. Mas ainda te vou ver a sorrir. Temos uma prenda para ti: filmámos tudo. E assim damos um outro sentido à falta que me fizeste. É que, como diz o Palma, “enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar, a gente vai continuar”.
Um abraço, pá.
E até já!
Fernanda Lapa
Joana Manuel
João Monge
Luísa Ortigoso
Rita Lello
Samuel Quedas
Tavares Marques
Zeca Medeiros



quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

EFEMÉRIDE

EFEMÉRIDES: 3 DE JANEIRO – A FUGA DE CUNHAL DE PENICHE FOI HÁ 57 ANOS

 
EFEMÉRIDES
3 de janeiro
1960 – Álvaro Cunhal, líder do PCP, evadiu-se do Forte Peniche com outros nove prisioneiros políticos da ditadura de Oliveira Salazar. Ao final da tarde, um automóvel conduzido pelo ator, já falecido, Rogério Paulo parou em frente ao forte com o porta-bagagens aberto. Esse era o sinal combinado para que, no interior da prisão se soubesse que, no exterior, estava tudo a postos para a fuga. O carcereiro foi então neutralizado com o emprego de uma anestesia e, com a ajuda de um sentinela, o guarda José Alves, que fazia parte do plano de fuga, os prisioneiros atravessaram, sem serem vistos pelos demais sentinelas, o trecho mais exposto do percurso. Encontrando-se no piso superior, desceram para o piso inferior por uma árvore. Daí correram para a muralha, de onde desceram com o auxílio de uma corda feita com lençóis até alcançarem o fosso exterior. Depois, tiveram ainda que saltar um muro para chegar à vila, onde já se encontravam à espera os automóveis que os haviam de transportar para as casas clandestinas onde deveriam passar a noite. Álvaro Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge em São João do Estoril, onde ficou a viver clandestinamente durante algum tempo.